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A adição do termo “Raízes” ao Circuito Serra dos Tapes deve-se ao caráter cultural, ecológico e histórico que sua temática envolve. A escolha dos espaços e locais de acolhida é um verdadeiro convite às raízes históricas de ocupação do território e todos os processos sociais que resultaram na Serra dos Tapes da forma como hoje te convidamos a conhecer.
Aqui existem registros de sociedades indígenas de tempos pré cabralinos. Com a época das grandes navegações, a divisão política do território brasileiro em sesmarias destinadas a amigos da realeza de Portugal trouxe impulso à pecuária. Com ela veio o ciclo do charque, que contribuiu para o “ciclo do açúcar” (ver Dossiê região doceira da Antiga Pelotas). A base de sustentação desta economia era o trabalho escravo, que resultou na presença de grupos étnicos de origem no continente africano.
Motivados pelo sonho de uma vida livre, grupos de escravizados fugitivos das charqueadas se refugiaram nas regiões de maior altitude da Serra dos Tapes. Como alternativa de fuga da escravidão nas charqueadas, comunidades quilombolas se refugiaram em meio às montanhas da Serra dos Tapes. Mais tarde, o território recebe imigrantes europeus de origem principalmente francesa, alemã, pomerana e italiana.
Em meio a este emaranhado étnico nasce também as raízes da cultura doceira, hoje reconhecida como Patrimônio Imaterial Brasileiro pelo IPHAN. Aqui nasce, também, o “Circuito Raízes da Serra dos Tapes-RS de Cicloturismo”.
O caráter histórico e cultural do Circuito Raízes da Serra dos Tapes-RS é seu diferencial enquanto circuito cicloturístico. Os ambientes de interação entre os ciclistas e as comunidades rurais – no local de concentração e nos pontos de acolhida – estão sendo elaborados de forma a valorizar o patrimônio doceiro e a cultura agroflorestal na Agricultura Familiar e comunidades indígenas e quilombolas. As histórias e memórias sobre como aconteceu a ocupação da Serra dos Tapes e quais foram as contribuições de cada etnia e grupo social que possibilitou o estabelecimento da cultura doceira e agroflorestal no território.